Há algum tempo, o pesquisador Mark Weiser (1952-1999) apresentou ao mundo a ideia do que seria a era da internet das coisas. Em uma de suas muitas frases, disse:

“As tecnologias mais importantes são aquelas que desaparecem. Elas se integram à vida no dia a dia até serem indistinguíveis dele”.

De fato, a tecnologia vem trazendo muitos avanços nesse mundo exponencial, e Internet das Coisas (IoT) é mais uma peça desta brincadeira criativa de inovação.

Este artigo é mais um da série Automatize qualquer processo, em qualquer lugar!

No mundo BPM é comum se pensar em um processo de negócio sendo executado por dois tipos de participantes: Pessoas (Human Work) e Softwares (Microservices, APIs, RPAs, etc.). É natural, pois o advento do BPM se iniciou no segmento de serviços dentro dos escritórios, onde os trabalhos são realmente executados por recursos humanos e de tecnologia da informação. Porém, de fato temos outro tipo de participante de processos em muitos negócios: os equipamentos. Na indústria de manufatura este assunto não é novo. Designado como Manufacturing Execution Systems (MES) em 1990, muitas atividades dos processos são executadas por equipamentos diversos como sensores, atuadores, integrados com o sistema de gestão. Com advento da Internet das Coisas (IoT) em 1999 e a Indústria 4.0, estes novos participantes dos processos batem nas portas também das empresas de serviços, comércios e residências, incluindo um novo cenário para o mundo BPM. Pensar em processos orquestrando pessoas, softwares e equipamentos abre um vasto campo de possibilidades. Vejamos alguns exemplos:

Indústria:

• Expedição: no momento de entrada/saída de cargas a granel, a integração com a balança rodoviária pode evitar fraudes de pesagens;
• Controle de estoque: um sensor de nível pode iniciar um processo de compras automaticamente;
• Controle de qualidade: um sensor de pH pode iniciar um processo de tratamento de não conformidade, baseado em SPA automatizado e tomar a ação corretiva através de estímulo em um pistão que libera o produto para a correção;
• Monitoramento de equipamentos: um sensor é instalado para fazer o monitoramento remoto de equipamento. Dados como temperatura, vibração e outros indicadores de desempenho importantes são enviados para as equipes responsáveis pela manutenção.

Agro: 

• Estufas: um technical workflow pode ler todos os sensores (temperatura, umidade do ar, luminosidade, acidez da água, etc.) de uma produção de plantas, integrá-los à IA e estimular os atuadores (caldeira, ventiladores, cortineiros de luminosidade, dispensers, etc.) auxiliando no manejo;
• Plantação: através de um workflow embarcado, coletando dados da Agricultura de Precisão, para descarregá-los uma base de Big Data;

Fiscalização: início de processo de infração através de drones;

Meio ambiente: monitoramento de um sensor de emissão de carbono em chaminés, identificando desvios e iniciando processo de correção;

Serviços: na automação de BPO, um scanner de grandes volumes de documentos pode iniciar um workflow integrado à IA para tipificar documento, extrair suas informações através de OCR e validá-las através de RPAs, desonerando assim o trabalho humano;

Residências: um workflow pode ligar sua TV, abrir as cortinas e ligar sua máquina de café ao notar que o GPS de seu celular mostra que você já está prestes a chegar em casa.

Com a quantidade crescente de equipamentos conectados deste mundo micro, é notória a crescente necessidade de melhora na conectividade e quantidade de tráfego de dados, que ainda é um impeditivo para tudo aquilo que a IoT ainda pode entregar. Não é à toa que as nações estão nesta corrida pelo 5G, pois ele abre este mundo de possibilidades. E na era do dataismo, a IoT é mais importante peça a ser encaixada ao BPM, esta alavanca para a inovação!

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Autor: Rodrigo Carlstrom

Sobre: consultor BPM há 18 anos, tendo trabalhado com análise, automação, operação e melhoria de processos de negócio e como Gerente de Projetos e Gestor de Mudanças em grandes empresas do mercado. Certificado Black Belt, PMP e Camunda Engineer.